3 de abril de 2012

Chegada a hora




Acho que já é nítido meu pavor pelo ano dois mil e doze, mesmo ele estando apenas no início. Mas esse ano, definitivamente, não é um ano legal pra mim, nem um pouco legal. Perdi alguém mais que especial na minha vida, isso já o motivo maior pra todas as dores e traumas desse "abençoado" ano. Mas enfim, hoje descobri que o ano me ensinou algo muito importante. Com a morte de tanta gente conhecida eu parei pra analisar a minha vida. O que eu vou deixar quando chegar minha hora. E o principal, quem eu vou deixar quando chegar minha hora. Falando em hora, ontem mesmo eu comentei com alguém que espero muito que meu relógio seja atrasado e que demore muito pra hora tão falada chegar. Que essa hora não seja pontual, pois esse atraso eu perdôo. Voltando ao assunto do ensinamento. Esse ano várias pessoas conhecidas partiram e não mais voltarão. E sempre que eu fico sabendo disso, primeiro me vem à cabeça a seguinte frase: "esse ano está me assustando, tenho muito medo dele." E é assim sempre. Mas hoje depois do aperto que eu senti ao saber que alguém muito especial pra minha irmã foi embora e sentir a dor que ela sente (pois eu sempre sinto as suas dores), me veio algumas perguntas á cabeça: “Se eu morrer hoje, eu morrerei com saudade de alguém? Estarei devendo algo a alguém (não falo de dinheiro). Se eu morrer hoje, eu morro em paz?” E a resposta foi não para as duas primeiras perguntas e sim para a última, a mais importante. Mesmo tendo tanto medo da morte, se eu morrer hoje as pessoas irão olhar pra mim e dizer que apesar de ter sido chata, ignorante, brutas, muitas vezes insuportável, eu construir uma história bonita durante alguns anos. É claro que deixarei alguns aborrecimentos, mas pra mim são coisas pequenas. Porque o que realmente me importa, eu consertei. Não devo se quer um pedido de desculpa. Passei anos odiando essa palavra, acho que minhas amigas do ensino fundamental lembram o quanto eu repetia que odiava pedir desculpa. Mas com o tempo, com os sentimentos, com o amadurecimento eu vi que desculpa precisava fazer parte da minha vida. E muitas vezes ainda sendo difícil, eu admito, eu peço desculpas mesmo quando eu não fiz nada errado. Talvez a desculpa seja pelo fato de ter feito alguém errar comigo, não sei. Com isso, todas as pessoas que foram importantes pra mim, hoje continuam sendo e eu não devo nada a elas. As que acreditam que eu não tenha feito um bom papel aqui na terra, sinto afirmar que não fiz pra você, porque pra mim vocês pouco importam. Algumas amigas eu não vejo há meses, algumas não, muitas delas. Mas sempre que possível e até quando não é possível, que são os dias que meu dia parece ter apenas duas horas, eu dou sinal de vida. Deixo recado no face, comento foto, mando mensagem, dou um oi, mando um sinal de fogo. Mas e você, você tem feito o possível pra dizer as pessoas especiais o quanto elas são especiais e o quanto você sente falta? Sei que se eu morrer hoje muitas pessoas irão sentir que eu fui embora e não tiveram tempo de dizer um último adeus e até não lembrarão qual a última vez que me viu. Talvez não. Mas as pessoas que são realmente importantes pra mim irão lembrar o quanto eu fui presente mesmo quando estava ausente. Seja assim você também. (Aryelly Cabral)

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