Passado presente

Até então tudo estava bem, mas aquela noite de domingo chuvosa deu vontade de falar com ele. Eu precisava saber como ele estava. Precisava ouvir ele dizer que me amava e que lutaria por mim. Eu tentei não ligar, conversei até altas horas da noite com um amigo e inventei os mais variados assuntos pra que ele não fosse embora dando espaço aquele vazio que sempre assombrava quando eu estava só. Então eu coloquei o celular no confidencial e digitei aqueles oitos números mágicos que não tinha mais nome no meu celular. Eu liguei e ele não reconheceu a minha voz. Ou pior ainda, ele fingiu pra poder me magoar um pouco mais e conseguiu. Eu me senti mais uma vez uma louca, louca varrida, daquelas que junta os pedaços que ainda restou e tenta juntar tudo de novo. Foi isso que eu quis fazer quando eu liguei. Mas não é isso que eu quero sempre, eu só quero às vezes, quando a tristeza fala mais alto que a vontade de viver. Minha vida tava se transformando em uma sanfona, alguns dias ela estava aberta pra coisas novas, sons novos, sentimentos novos, amores novos. Outros dias ela estava fechada, guardando o som, o amor antigo e escondendo a vontade de viver. Eu sei que as coisas estão mudando. Esse restinho de amor tá virando uma coisa que eu não sei o que é, nem pra que serve. Minha vida está seguindo caminhos que eu achei que não conheceria sozinha. Estou passando por muitos altos e baixos, mas os altos de hoje me dão uma vontade nova de viver. Já os baixos, me mostram o quanto era triste ter ele por perto. É isso, eu o amo e ela me ama, mas não somos feliz juntos, simples. Mas porque, Deus? Porque tanto amor assim não trás felicidade? Porque duas pessoas se amam e não se suportam todos os dias? Porque eu sei que fiz o melhor quando disse que não queria voltar, mas meu coração chorou? Apesar de tudo ele ainda ocupa um dos lugares mais bonitos do meu coração. Que a gente não se arrependa do que a gente foi, do que a gente é e do que iremos ser. Que eu possa cruzar com ele na rua e não precisar olhar pra trás pra vê como anda meu passado, porque um dia eu vou ter a certeza de que tudo de um jeito ou do outro valeu a pena e que eu fui feliz. (Aryelly Cabral)