O fim do amor

 

Porque o amor acaba? O amor vem embalado naqueles saquinhos cheio de bolinhas, que quando criança e muitas vezes ainda adulto, adoramos estourar. Aquele plástico que embala vidro e tantas outras peças frágeis. E o amor não passa de uma sentimento frágil.

Quando o amor começa, o coração está bem embaladinho, com todas as bolinhas cheias de ar. Cada bolinha representa um sentimento. O amor é o principal, mas para manter o amor são necessários vários outros sentimentos. O respeito, o carinho, o querer bem, o afeto, a confiança, a alegria, a felicidade, a lealdade e tantos outros. Cada um dos sentimentos é bem dividido em cada bolinha. Com o tempo, quanto maior o amor, mais sentimentos vão crescendo. E a embalagem vai crescendo junto, sempre com todos os sentimentos na mesma proporção.

Pra manter o amor bem protegido é necessário quantidades de sentimentos por igual. Tem uma hora que a gente vai percebendo que ama mais do que respeita. Que a gente ama e não confia. Nessa hora vai se estourando uma bolinha de cada sentimento perdido. E vai restando um amor frouxo, dentro do saquinho que agora já tem bolinhas estouradas. Daí amar começa a doer, o coração ta balançando, pra lá e pra cá.  E o coração começa a se sentir vazio, quebrado, abandonado. As companhias do amor já não são mais as mesmas. Existe pouco respeito, pouco afeto, quase nenhum carinho e nenhum respeito.

O amor começa a enxergar outros corações, corações dispostos a dividir outros sentimentos e preencher as bolinhas vazias. E quando acha outra pessoa pra amar, não resta mais nada do velho amor. E quando a gente descobre que ainda ama o outro, aquele primeiro coração que a gente achou que não existia mais nada, dá um trabalho tão grande encher as bolinhas novamente. A gente tenta, mas vez ou outra a bolinha que foi reciclada há de estourar mais uma vez. E só depende de nós reciclarmos de novo e de novo. Ou esperar achar outras bolinhas que embalem o coração.

(Aryelly Cabral)