8 de novembro de 2011

Simplicidade das coisas





"Minha mãe é meu ponto fraco. Eu minto pra todo mundo. 
Mas, é só ela me olhar nos olhos que já diz: 'Porque está triste?'" (Tati Bernardi)




Ontem foi aniversário da minha mãe. Ela estava toda animada. Era a primeira vez que eu via minha mãe animada no dia do aniversário dela. Ela nunca teve motivos reais pra comemorar. Mas esse ano foi diferente. Minha mãe tinha comprado sua tão sonhada casa. E eu e minha irmã íamos comemorar seu aniversario junto á ela. Algumas de suas amigas iam lá em nossa casa. Minha mãe parecia criança feliz porque chegou o dia de ganhar presente. Mas a diferença é que o presente dela era pode comemorar realmente aquela data. Minha mãe chorou pela primeira vez nesse dia. Nenhum ano ela havia chorado, mas ontem foi diferente. Diferente em todos os aspectos. Ela ganhou uma festinha supresa. Festinha mesmo, daquelas que tem um bolo do tamanho de um pão. Mas a emoção da minha mãe era do tamanho de uma festa dos sonhos. Quando ela viu a surpresa, escondeu o rosto e chorou. Na hora meus olhos se enxeram de lágrimas e uma gotinha caiu. Nunca vi minha mãe tão emocionada como ontem. Aquela cena me fez perceber o quanto nos preocupamos com coisas pequenas e desejamos tanto coisas grandes, esquecendo desses momentos tão simples e que nos fazem tão felizes.  Quando eu cai na fossa, chorei dias e noites com minha mãe do lado. E de uma hora pra outra comecei a sair deixando ela chorando em casa por problemas que eu não conseguia vê. A gente quer tanto esfregar a nossa felicidade na cara de quem nos fez mal, que esquecemos de quem realmente nos faz bem. Era isso que eu estava fazendo. Deixei minha mãe triste e preocupada várias noites. Deixei meus finais de semana cheios de bebidas e vazios do afeto da minha irmã. Da dormida de conchinha e das conversas até altas horas lembrando nosso passado. Fui vazia por vários meses. Me tranquei no quarto por várias noites, morava no quarto e minha mãe morava no resto da casa, triste, sozinha. Quando a gente quer ser cheia de tudo a gente esquece primeiramente de ser cheia de família. Minha família se resume em meus avós, minha irmã e minha mãe. Essa é a tradução da minha família. E eu deixei de lado todos eles pra tentar me enganar de que eu estava bem. Mas ontem, quando minha mãe se emocionou com a festinha surpresa, eu percebi que eu estou bem quando estou em casa sorrindo com as loucuras da minha mãe e a seriedade engraçada da minha irmã. Deixei alguns pequenos detalhes passar por mim. Deixei alguns problemas das pessoas mais importantes da minha vida de lado pra tentar resolver problemas meus que não existiam. Eu quis tanto ser feliz com saídas que fui vazia de todo resto. Percebi que ser feliz necessidade de muito pouco, só do querer. (Aryelly Cabral)


(Ps. Esse texto foi escrito dia 1º de novembro, achei que tinha postado, mas tinha salvo. Ando devendo atualizações, farei o possível pra voltar.)

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