Eu sabia que não era nada. Todos os exames constatavam o que ninguém acreditava: eu estou bem. É de saúde que eu falo. Essa falta de fome, essa insônia, essa carência, essas mudanças de humor, tudo isso nunca vai ser descoberto por exames. Minha querida, seus exames deram todos normais. Foi isso que eu escutei da médica depois de ter uma crise que me paralisou por mais de horas. Eu sabia. Não é falta de saúde, é falta daquele homem. Mesmo sem querer, sem deixar, eu me entreguei a ele, tudo dependia dele e de uma hora pra outra tudo desmoronou. Como cuidar de algo tão sensível como meu coração? Como ter de volta algo seu que já foi dado à outra pessoa? O que fazer agora? São essas e outras perguntas que gritam todos os dias e eu continuo sem respostas. Procura um psicólogo, vai te ajudar. Quando chego lá, qual a resposta dela? Não vale a pena sofrer assim. Poxa vida doutora, se fosse pra ouvir isso eu tinha ficado em casa. Isso mesmo, não preciso de ninguém dizendo as mesmas coisas, eu já sei de tudo isso. Eu sei que vai passar, que não vale a pena, que Deus fez o melhor pra mim. Mas agora, nesse momento que dói tanto, eu faço o que? Alguém tem essa resposta? Deixamos de ser, mas ainda continuamos. Continuamos indo, olhando pra trás, revendo os planos, tentando reconstruir castelos. Nunca pensei tanto em desistir de mim mesma. Mas tem horas que dá um orgulho de ser assim como eu sou. Nesse exato momento, a única coisa que penso em escrever é: te amo tanto que ainda não desisti de nós. Só queria terminar declarando isso. (Aryelly Cabral)