27 de janeiro de 2011

Depois de tantas tentativas de ser melhor pra você eu decidi mudar. Vou ser uma daquelas meninas fúteis que tanto chamam sua atenção. Que você olha de canto de olho enquanto caminhamos pela rua. Aquelas mulheres iguais a da TV, que andam 24 horas por dia maquiadas e no salto, o sonho de qualquer homem. E elas acordam sem mau hálito, sem remela e sem cabelo assanhado. Daí você olha pra mim ao acordar e me ver tipo um leão, com o cabelo todo arrepiado, com os olhos quase fechados de tão sujos que estão e com o lençol na boca, pra que você não sinta o mau hálito que vem de mim sempre ao amanhecer. E eu imagino que você sonha com elas, com aquelas mulheres perfeita que eu nunca fui, mas agora quero ser. Eu até comecei a andar de salto dentro de casa. Eu tombo na mesa, no fogão, na mesinha do computador e no sofá. Daí desisto e me deito no sofá pra assistir alguma coisa ou coisa nenhuma. E eu me lembro do quanto você dizia que eu ficava bem de havaianas, de roupa arrumada e de pé no chinelo. E o quanto você olhava os saltos das meninas na balada, com quase um metro de altura e você olhava dos pés aos cabelos, grandes e pretos. Então decido que preciso de um cabelo grande, setenta centímetros vai ficar ótimo. E lembro que minha conta tá mais zerada do que qualquer outra coisa, então desisto. E eu lembro que você gosta de conversar sobre jogo e começo a assistir apenas sportv 24 horas por dia, só pra saber quem é zagueiro, lateral, meio campo e num sei mais o que. Mas você dizia que mulher tem que entender de homem e não de bola. E eu faço um curso integrado de como entender os homens e descubro o mais engraçado de todas as minhas descobertas, eu amo você exatamente por não saber quem você é. Por achar que você iria gostar mais de mim se me visse sempre maquiada, com os cabelos liso, tipo rabo de cavalo, e você me diz que gosta do meu cabelo natural, que não é nem liso nem cacheado, que prefere me ver como eu sou e não com uma máscara de tintas no rosto. E eu acredito que você iria me achar mais atraente de salto, com uma meia dessas da moda e você me diz que me prefere com pé no chão, sem meia, sem roupa, só de alma. E eu simplesmente me sinto amada. Talvez você goste de um cabelo grande, liso, de salto e de meia. Mas você gosta só de olhar, pra ter por perto você prefere uma calça justa, uma baby look, uma havaiana e um cabelo natural. E você prefere olhar as outras e amar a mim. E eu achando que você queria elas, todas elas. Mas não, você me quer, talvez de vez enquanto você chegue em casa, no horário de sempre, achando que vai me encontrar do jeito de sempre e eu desço as escadas de salto, cabelo lambido pela vaca e uma meia calça lilás. Você não diz nada, mas me olha a noite toda. Com aquela cara de que quer me ver sem roupa, só de alma. E minhas pernas começam a cansar e a maquiagem a borrar e eu te peço pra irmos embora, pra gente se amar. E você, sem se despedir de ninguém pega a chave do carro e me joga lá dentro, vai embora a 160 km por horas. E nos amamos loucamente. Daí você some por uma semana, me liga um dia sim, dois não. E eu volto a pensar em quem eu poderia me transformar pra que você me ame mais. E uma coisinha minha diz... Ele te ama por não saber quem você é.
(Aryelly Cabral)

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